O regime cambial é um fator essencial no cenário do comércio exterior, pois influencia diretamente as transações internacionais e a estabilidade econômica de um país.
Ou seja, tem relação direta com os preços dos fretes, combustíveis e tarifas portuárias. Além disso, pode tornar os produtos de um país menos competitivos no mercado.
Por isso, os profissionais que atuam com a logística internacional devem monitorar as variações cambiais e criar estratégias a fim de mitigar riscos.
No decorrer deste conteúdo, aprenda quais os principais tipos que existem, bem como o sistema adotado no Brasil e nos Estados Unidos. Além de outras curiosidades.
Então, o que é regime de câmbio?
De maneira objetiva, entende-se como o conjunto de regras que definem a taxa de câmbio, relacionando-o entre a moeda nacional e as estrangeiras.
Ele é estabelecido pelo governo ou pelo mercado, impactando diretamente os valores e as condições aos importadores, exportadores e investidores.
Essa taxa é um dos principais instrumentos de política econômica, utilizada para controlar a inflação, estimular negócios e atrair investimentos.
Logo, a escolha do regime adotado influencia toda a economia de um país.
E como funciona a política cambial?
São medidas do governo a fim de administrar o câmbio. Pode incluir intervenções diretas, definição de restrições e regulação de transações internacionais.
Geralmente, o Banco Central é o responsável por implementar a política de um país.
Dependendo do tipo, a atuação acontece com a compra ou venda de dólares visando estabilizar a taxa. Mas, também permite que o mercado defina o valor livremente.
Um ponto de atenção é que a política está ligada às regras monetárias e fiscais, afinal, impacta diretamente:
- Os fluxos de capitais estrangeiros;
- A inflação;
- O crescimento econômico.
Para não confundir: o regime cambial é o conjunto de regras que forma a taxa de câmbio e a política tem a ver com as medidas do governo a fim de administrar o mercado.
Agora, quais os tipos de regime cambial que existem?
Eles são classificados com base no grau de intervenção governamental. A seguir, entenda as diferenças entre os principais tipos.
Fixo
O governo define um valor específico à sua moeda em relação a outra ou a um conjunto delas.
A fim de manter a ordem econômica, o Banco Central intervém regularmente, comprando e vendendo reservas internacionais.
Esse regime traz previsibilidade para importadores e exportadores, reduzindo a volatilidade.
No entanto, pode limitar a capacidade de reagir a choques econômicos, pois a manutenção da taxa fixa exige grandes reservas.
Flutuante
A taxa de câmbio é determinada livremente pelo mercado, com base na oferta e na demanda por moeda estrangeira.
O governo não interfere diretamente, permitindo que o valor varie conforme as condições econômicas.
Essa flexibilidade ajuda a economia a se ajustar automaticamente aos movimentos externos, como crises financeiras ou mudanças na balança comercial.
Porém, também gera volatilidade excessiva, prejudicando empresas e investidores que operam no exterior.
Flutuante com intervenção
Também chamado de câmbio sujo, sendo um sistema intermediário entre os regimes fixo e flutuante.
Nesse modelo, o mercado determina a taxa, mas o Banco Central pode intervir para evitar flutuações excessivas.
Permite maior estabilidade, reduzindo os impactos negativos de movimentos abruptos da moeda.
No entanto, exige uma gestão cuidadosa por parte das autoridades monetárias de modo a evitar distorções na economia.
Banda cambial
O governo estabelece um intervalo dentro do qual a taxa de câmbio pode flutuar. Se o valor ultrapassa os limites da banda, o Banco Central intervém para estabilizá-la.
Esse modelo combina elementos do fixo e do flutuante, proporcionando alguma previsibilidade enquanto ainda permite ajustes conforme as condições de mercado.
Atrelado
Ocorre quando um país vincula sua moeda a outra, ajustando o valor periodicamente e mantendo um equilíbrio econômico.
Isso é comum em economias que buscam estabilidade sem renunciar a alguma flexibilidade.
Qual é o regime cambial brasileiro?
Desde 1999, o Brasil adota o flutuante com intervenção. Isso significa que a taxa é determinada pelo mercado, mas o Banco Central intervém quando julgar necessário.
O modelo permite maior flexibilidade econômica e protege o país contra choques externos. Entretanto, a dependência de fatores externos leva a momentos de alta volatilidade do real.
E nos Estados Unidos?
Os Estados Unidos adotam o flutuante puro, onde a taxa de câmbio do dólar é definida exclusivamente pelo mercado.
O governo não interfere diretamente, permitindo ajustes conforme as forças econômicas globais.
É uma escolha que reflete a força econômica dos EUA, tornando o dólar uma das moedas mais estáveis e usadas no exterior. Mas, pode gerar desvalorizações inesperadas em crises.
Qual o melhor regime cambial?
Não há um melhor entre todos, pois a escolha depende das condições econômicas e estratégicas de cada país.
Como vimos, o câmbio fixo traz estabilidade, mas reduz a capacidade de reação a crises. Enquanto o flutuante permite ajustes automáticos, mas aumenta a volatilidade.
O modelo intermediário busca equilibrar estabilidade e flexibilidade. No caso do Brasil, esse regime ajuda a conter oscilações excessivas, garantindo certa previsibilidade no mercado.
Existem alguns exemplos que vale a pena conhecer, considere:
- Fixo: Arábia Saudita, Hong Kong e Bahamas;
- Flutuante: Estados Unidos, Reino Unido, Austrália e Canadá;
- Flutuante com intervenção: Brasil, Chile e Índia;
- Banda cambial: Chile nos anos 90, Israel na década de 2000 e Hungria até 2008;
- Atrelado: China até meados de 2000, Singapura e Marrocos.
Além disso, existem estratégias que podem ser aplicadas com base nos tipos definidos. Uma das principais é a política cambial contracionista, conhece?
Ela reduz a quantidade em circulação visando controlar a inflação e estabilizar a taxa. Isso é feito por meio da elevação de juros e restrição de crédito, tornando a moeda mais valorizada e controlando pressões inflacionárias.
E você, conhecia todas essas diferenças entre os regimes? Sabia da importância do assunto no seu setor de atuação? Com certeza, é um tema super relevante!
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